Publicado em 2017-07-15

O calvário, motor da história

«E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo» (Apo 13:8). «…​o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós» (1 Pe. 1:20).

O Calvário é o lugar geográfico onde Jesus Cristo, o Filho de Deus, deu a sua vida para salvar a humanidade. Mas o Calvário representa também toda a Obra grandiosa de Cristo, seu sofrimento e vitória. Daí a grande importância do Calvário.

No plano de Deus, Jesus Cristo foi morto já antes da fundação do mundo; ou seja, o plano do Calvário foi elaborado por Deus antes que o mundo existisse. Isto é muito profundo! E pode mudar toda a nossa perspectiva acerca do Calvário. Este facto significa que:

  • O mundo foi criado por Deus em função do Calvário, porque o Calvário já estava planeado antes da criação.

  • Os acontecimentos mais salientes na história terão tido lugar em função do Calvário porque o Calvário era tão importante no coração de Deus que tudo concorria para a sua concretização.

Os acontecimentos do Velho Testamento desenrolaram-se para que o Calvário viesse a acontecer. O Novo Testamento é o relato do acontecimento do Calvário e dos seus efeitos - os Evangelhos relatam o processo e o acontecimento, e os Actos dos Apóstolos e as Epístolas relatam os efeitos do Calvário. Assim, o Calvário é a chave para estudar e entender a Bíblia.

Ainda hoje o Calvário é o motor da história: O mundo ainda existe porque o Calvário teve lugar; o diabo e as forças do mal actuam contra o Calvário; a Igreja e as forças do bem actuam através Calvário.

No passado, tudo aconteceu para que Jesus Cristo morresse na cruz. Hoje, tudo acontece porque Jesus Cristo morreu na cruz.

A criação do mundo foi em função do Calvário

(Gen. 1:10, 12, 18, 21, 25, 31)

Quando Deus concluíu a sua criação, disse que era muito boa. Deus viu a sua criação, inclusive Adão e Eva, através do Calvário.

Mas a terra que Deus criou, foi amaldiçoada pouco depois: «E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. Do suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás» (Gên. 3:17-19).

Nos dias de Noé, Deus enviaria o dilúvio porque toda a terra estava degenerada. A Bíblia diz: «A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então, disse Deus a Noé: O fim de toda carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra» (Gên 6:11-13). Esta não era a terra que Deus viu ao concluir a criação, uma terra em que «…​tudo era bom.»

Mais tarde, Deus destruiria Sodoma e Gomorra por causa dos pecados cometidos nessas cidades. A terra que Deus criou tinha-se tornado em palco de idolatrias, feitiçarias, imoralidades e incredulidade. Os profetas também denunciaram as nações pagãs, inclusive as de Israel e de Judá.

A terra que Deus anteriormente tinha visto como boa, tinha-se tornado má. O homem que Deus tinha visto como muito bom, tinha-se tornado muito mau. Mas Deus viu a terra boa e as pessoas boas, através do Calvário.

A Bíblia diz que toda a criação geme debaixo da corrupção: «Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adopção, a saber, a redenção do nosso corpo» (Rom 8:22-23).

A terra só ficará boa, quando o Cristo do Calvário a purificar pelo fogo e reinar sobre ela (Apoc. 21).

As únicas pessoas boas são as que pela fé aceitam o sacrifício de Jesus no Calvário: «porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com acções de graças, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada» (1 Tim 4:4-5).

Quando Deus viu a sua criação como sendo boa e muito boa, só podia ser através do Calvário; porque Deus não tem uma visão parcial, mas global do mundo e da humanidade. A criação de Deus que foi criada boa, seria tornada má e maldita por algum tempo e voltaria a ser purificada e feita boa para sempre através do Calvário.

A queda deu-se em função do Calvário

(Gen. 2:15-17)

Deus não foi colhido de surpresa com a queda de Adão e Eva. Ele, na sua Omnisciência, conhece o passado o presente e o futuro. De facto, a queda de Adão e Eva já fazia parte do plano de Deus para o Calvário. Deus anunciou o Calvário através da queda. A Bíblia diz: «E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar» (Gên 3:15). «E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os vestiu» (Gên 3:21). Quando Deus imolou animais (para que Adão e Eva se cobrissem com as peles) e derramou o sangue desses animais, estava também anunciando o Calvário.

O Calvário não foi a providência de Deus para a queda. Antes, a queda deu-se como parte do projecto de Deus para Calvário. Ou seja, Deus não projectou o Calvário por causa da queda; Deus projectou a queda por causa do Calvário. Não foi a queda que deu origem ao Calvário. Foi o Calvário que deu origem à queda. No plano de Deus, Cristo foi crucificado antes da fundação do mundo e portanto, antes da queda de Adão e Eva. Assim, o calvário não foi em função da queda; pelo contrário, a queda foi em função do Calvário. Por isso podemos dizer que o Calvário é o motor da história.

Deus viu o primeiro Adão e o último Adão ao mesmo tempo e concluiu que «…​era muito bom.» O primeiro Adão – caído, separado de Deus e transmissor do pecado para todos os seus descendentes – era mau. O último Adão, ou seja Cristo, foi muito bom – ele foi levantado na cruz, reconciliou-nos com Deus, perdoou os nossos pecados e vivificou-nos. A Bíblia diz: «Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo» (1 Co 15:21-22).

Até aceitarmos o Calvário, somos descendentes do primeiro Adão; depois de aceitarmos o Calvário, passamos a descendentes do último Adão, Cristo. Até ao calvário, as pessoas são más ou muito más. Depois do Calvário ou pelo calvário, as pessoas são boas ou muito boas.

Os acontecimentos marcantes da história foram etapas para o Calvário

Nada aconteceu por acaso. Os grandes acontecimentos - e até os pequenos - estiveram no plano de Deus para o Calvário. O Calvário é como uma lupa para entendermos a Bíblia e a história.

O Dilúvio

O Dilúvio, relatado na Bíblia, teve uma relação directa com o Calvário (Gen. 6:17-24). O Apóstolo Pedro escreveu que o dilúvio é uma figura do Calvário: «os quais em outro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água, que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, baptismo, não do despojamento da imundície da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo» (1 Pe 3:20-21).

A arca tipifica Cristo. Noé fez também a ligação do dilúvio com o Calvário ao sacrificar animais: «E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar» (Gên 8:20).

A chamada de Abraão

A chamada de Abraão deu-se por causa do Calvário (Gen. 12:1-3). Esta foi uma etapa importante para o Calvário. Deus ia levantar um povo com o intuito de nos dar o Salvador! Uma das maiores promessas que Deus fez a Abraão – «…​em ti serão benditas todas as famílias da terra» – teria o seu cumprimento no Calvário.

No monte de Moriá Deus fez uma revelação espectacular do Calvário: «Então, levantou Abraão os seus olhos e olhou, e eis um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho» (Gên 22:13).

Este carneiro é uma figura do Calvário. Desta forma, Deus mostrou Jesus a Abraão e a sua morte na Cruz. Muitos anos mais tarde, Jesus diria: «Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou- se» (Joã 8:56).

A saída do Egipto

A saída do Egipto (Ex. 12:3, 7, 13) está cheia de quadros do Calvário: o cordeiro imolado; o sangue nas vergas das portas; a carne assada no fogo; as ervas amargosas etc. A Páscoa é uma figura de Cristo no Calvário: «Limpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós» (1 Co 5:7).

Tal como Deus libertou o povo de Israel do Egipto e do terrível Faraó, Cristo nos libertou do mundo pecaminoso e do domínio do diabo através do seu sacrifício na cruz do Calvário.

Os sacrifícios rituais e as festas israelitas apontavam para o Calvário

As festas de Israel estavam ligadas ao Calvário (Lev. 23:9, 16, 26-28). O dia da expiação representava o Calvário e a morte expiatória de Cristo. As primícias representavam a ressurreição e a confirmação do Calvário. O Pentecostes representava a descida do Espírito Santo como resultado do Calvário.

Os sacrifícios levíticos estavam todos ligados a Cristo e ao Calvário. Quase todos os sacrifícios envolviam a imolação de animais e o derramamento do seu sangue e isso apontava sempre para o Calvário. Assim, o Calvário foi o motor da história.

O tabernáculo representava a morte de Jesus na cruz

A intenção de Deus com o tabernáculo - a descrição do qual ocupa 15 capítulos no livro de Êxodo - foi demonstrar o seu plano com o Calvário.

Dentro do tabernáculo, o altar de cobre, a arca da aliança e o propiciatório, tudo apontava para o Calvário!

A serpente de metal foi uma janela aberta para o Calvário

(Num. 21:8-9)

A serpente de metal que Moisés ergueu para cura e protecção do povo de Israel foi uma figura directa do Calvário! A Bíblia diz: «E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado» (Joã 3:14).

Quão importante foi a morte de Jesus por nós na cruz do Calvário! O Calvário foi sempre o motor dos acontecimentos.

O livramento de Raabe em Jericó foi uma figura do Calvário

(Jos. 2:18-21)

O cordão vermelho que Raabe atou na janela, significava: eu creio no Messias que virá para nos resgatar. Quando ela atou o cordão vermelho na janela, foi como se ela aceitasse Jesus como seu salvador.

Os profetas falaram em função do Calvário

(Isa. 53:2-5)

Isaías teve uma visão tão nítida da crucificação 750 anos antes dela acontecer, que nem as testemunhas oculares o relataram melhor. Como foi possível ver com tanta nitidez o Calvário tantos anos antes?

Porque no plano de Deus, Jesus morreu antes da fundação do mundo; por isso Deus podia revelar o futuro acontecimento do Calvário aos profetas com tanta precisão. Portanto, o Calvário foi o motor da história.

As próprias guerras contra Israel relatadas no Velho Testamento foram por causa do Calvário

O diabo, conhecedor do plano de Deus com a cruz, procurou por todos os meios impedir, desacreditar e destruir o povo de onde viria o Messias. Houve uma altura que quase conseguiu destruir a linhagem do Messias mas Deus foi tomar Rute, a Moabita, para perpetuar aquela linhagem. O Calvário foi sempre o motor da história.

O nascimento de Jesus Cristo estava directamente relacionado com o Calvário

A Bíblia diz: «Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles» (Mat 1:21).

Jesus veio fazer muitas coisas, mas a principal foi ir ao Calvário, morrer por nós na cruz.

A vida de Jesus na terra foi a caminhada para o Calvário

(Gal. 4:4-5)

Jesus teve um percurso terreno de 33 anos. Durante os primeiros 30 anos Ele ganhou maturidade humana; nos últimos 3 anos Ele avançou e preparou o Calvário.

O Calvário foi o acontecimento central da história. Até ao Calvário, tudo aconteceu para que o Calvário tivesse lugar – ou seja, o Calvário foi o motor da historia. Depois do Calvário, tudo acontece porque o Calvário teve lugar. Assim, o Calvário continua a ser o motor da história.

A história humana parou no momento do Calvário. O calendário mudou e a contagem dos anos recomeçou a partir do zero (passou de AC para DC).

Antes do Calvário, o diabo trabalhou para impedir que Jesus morresse na cruz. A partir do Calvário, o diabo trabalha para ocultar, desacreditar e impedir que as pessoas ouçam e creiam na morte de Cristo e sejam salvas.

O Calvário é o motor da Igreja de Cristo – a Igreja actua impelida pelo Calvário

A nossa acção principal é anunciar o Calvário! Os que se salvam, é pelo Calvário! Vamos vencendo o diabo também através do Calvário!

A nossa vida cristã é comandada pelo Calvário

No Calvário, “morremos” e voltamos a nascer de novo espiritualmente. No Calvário, fomos perdoados, salvos e reconciliados com Deus. No Calvário, fomos baptizados no Espírito Santo. No Calvário, somos curados das nossas doenças ou, se morrermos, vamos para o Céu.

O Calvário não é só uma data histórica. Ele não funciona apenas na Páscoa ou ao Domingo. O Calvário é um vulcão activo todos os dias. Dele jorram: o amor, o poder, a comunhão, o Espírito Santo, o sangue remidor, a paz, a alegria, a graça, a cura divina, o Livramento, a vida física, a vida eterna e a santificação.

O Calvário e a ressurreição são a fonte de tudo o que vem de Deus! Todos os dias precisamos de ir ao Calvário, para: buscar purificação; ser abrasados pelo amor divino; ser cheios do Espírito Santo; adorar extasiados; louvar se possível até às lágrimas. Porque o Calvário é o motor da nossa vida!

Jesus vai voltar, como resultado do Calvário

O Calvário comanda a vinda do Senhor. Ele virá buscar os seus remidos que Ele ganhou no Calvário. Ele ainda não voltou porque o número dos remidos ainda não está completo - e os que faltam, só serão salvos pelo Calvário.

O Calvário vai comandar também o céu

(Ap. 7:9-17)

A multidão no Céu, chegou lá através do Calvário; as suas vestes brancas passaram pelo Calvário; as palmas de vitória foram pelo Calvário; a adoração é motivada pelo Calvário; a glória de Deus emana do Calvário; o nosso serviço tem por base o Calvário. Assim, o Calvário será também o motor no Céu.

O Juízo final terá como ponto de referência o Calvário

(Mar. 16:16; Ap. 20:15)

O Inferno será o resultado da rejeição do Calvário. Só no Céu seremos capazes de compreender totalmente o valor, o significado e a importância da obra que o Senhor Jesus Cristo efectuou na cruz do Calvário.

A profundidade, a grandeza, o alcance e os efeitos do Calvário só a eternidade é que os vai demonstrar!

Quão importante é para cada um de nós crermos de todo o coração na obra grandiosa do nosso Salvador na Cruz. Aleluia! Aleluia!