Como lidar com os nossos sentimentos
Sal. 13:1-6
«Até quando, ó Senhor, te esquecerás de mim? para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando encherei de cuidados a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim? Considera e responde-me, ó Senhor, Deus meu; alumia os meus olhos para que eu não durma o sono da morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, em sendo eu abalado. Mas eu confio na tua benignidade; o meu coração se regozija na tua salvação. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.»
Neste salmo o rei Davi tem os seus sentimentos em alvoroço. Os sentimentos maus lutam dentro dele com os sentimentos bons.
Os sentimentos são importantes na nossa vida e também podem ser perigosos. Diz o ditado: «Quem não sente, não é filho de boa gente». Por outro lado, sabe-se que as nossas emoções contribuem com 60% para as nossas acções e que só 40% destas provêem do intelecto. É por isso que as pessoas emocionais são muito activas enquanto que os muito racionais, não decidem ou decidem tarde. Como diz outro ditado: «Quem casa não pensa e quem pensa não casa».
Nós, os crentes, somos por natureza emocionais e isso contribuiu para a nossa salvação. Os sentimentos são importantes nos nossos relacionamentos com Deus e uns com os outros.
Mas os sentimentos, também podem ser perigosos! Quando estão em baixo, eles podem: negar a presença de Deus; pôr em dúvida a resposta às orações; podem questionar as promessas da Palavra de Deus e até podem pôr em dúvida o seu amor. Isto aconteceu com o salmista no salmo descrito acima, que estava em luta com os seus sentimentos, bons e maus. Isto tem acontecido com todos nós. Todos nós temos tido lutas dentro de nós com os nossos sentimentos. É por isso que nós precisamos saber lidar com os nossos sentimentos e emoções: para combater pensamentos errados; para evitar decisões precipitadas e para vencer amarguras e desesperos.
Os sentimentos e emoções não servem para guiar a nossa vida cristã, porque não são estáveis e podem estar errados. A nossa vida é guiada pelo conhecimento que temos das Sagradas Escrituras, pelas nossas experiências com Deus e pelas nossas convicções bíblicas. |
A importância dos sentimentos
Os sentimentos são importantes na nossa vida, desde que controlados. Em primeiro lugar, são um sinal de que estamos vivos - os mortos não sentem nada. Os sentimentos, são o motor das nossas acções. Às vezes precisam um travão e outras vezes precisam de um acelerador.
Os sentimentos são importantes no Culto ao Senhor: nas orações, no louvor, na adoração e na reação à Palavra de Deus. Os sentimentos são importantes nos nossos relacionamentos com Deus e com os irmãos, no afecto, na simpatia, na comunhão… Os nossos sentimentos podem ser um veículo para o Espírito Santo manifestar os Dons Espirituais. Nós os crentes pentecostais somos por natureza emocionais pela acção do Espírito Santo nas nossas vidas: falamos línguas, profetizamos, cantamos entusiasticamente e balbuciamos «Aleluias!».
Apesar da sua importância, os sentimentos não podem guiar a nossa vida
«Até quando, ó Senhor, te esquecerás de mim? para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando encherei de cuidados a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim?» Sal. 13:1-2
O salmista David, para além de ser bom músico e compositor, era uma pessoa emocional. Ele teve problemas com os seus sentimentos. Os sentimentos diziam-lhe: «…Deus se esqueceu de ti…», «…Deus não olha para ti…», «Deus não responde às tuas orações…», «Os teus inimigos vão vencer…».
Tudo isto que os sentimentos lhe diziam, não era verdade. David não podia dar ouvidos aos seus sentimentos e reagiu aos pensamentos negativos e falsos, com o seu conhecimento de Deus e com as suas convicções. Assim, ele continua:
«Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação, meu coração se alegrará.» «Cantarei ao SENHOR, porquanto me tem feito muito bem.» Sal 13:5-6
Jó teve muito problemas com os seus sentimentos - ele sentiu-se desamparado:
«Não me desamparou todo auxílio eficaz.» Jo. 6:13
«Concluiu que Deus consome o recto e o ímpio!» Jo. 9:22
«Deus tinha escondido o rosto dêle e o considerava inimigo. Deus estava a persegui-lo. Deus estava a sentenciá-lo» Jo. 13:24-26
«Não havia resposta às suas orações. Deus estava contra ele. Jo. 19:7-11
«Deus estava a massacrá-lo e a perturbá-lo. Jo. 23:16
Os sentimmentos levaram Jó a duvidar do Amor de Deus.
A grande luta de Jó foi com os seus sentimentos que negavam as suas experiências e convicções. Por vezes teve que gritar: «Eu sei que o meu redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra!» «Ainda que ele me mate, nele esperarei.»
Todos os homens e mulheres de Deus tiveram problemas com os seus sentimentos:
Moisés |
não entrou na terra prometida porque os seus sentimentos o fizeram errar e em vez de falar à rocha, ele feriu a rocha. No meio da revolta do povo e de grande tensão, os sentimentos falaram mais alto do que a razão e ele pecou contra o Senhor. Num. 20:7-13 |
Josué |
foi derrotado em Ai por ouvir os sentimentos e foi enganado pela aparência dos gibeonitas que provocaram o sentimento da compaixão. |
David |
caiu no pecado de adultério, porque um sentimento imoral o dominou. |
Pedro |
foi repreendido pelo Senhor Jesus, porque pôs os sentimentos acima do plano de Deus ao dizer «…tem compaixão de ti, de modo nenhum te acontecerá isso.» |
Judas |
caíu no inferno porque não dominou sentimentos errados. |
A nossa vida não pode ser guiada pelos sentimentos, mas por convicções
A nossa vida tem dois centros de decisão: o cérebro e o coração. O cérebro é a sede do conhecimento, das experiências e das convicções. O cérebro é o gabinete dos comandos. O coração é a sede dos sentimentos e das emoções.
Vamos usar uma metáfora com relação à nossa vida. A nossa vida é comandada por dois centros importantes. O departamento cérebro fica no 1o andar e aqui reside um casal com uma filha: o casal é o conhecimento e a experiência; e a filha, chama-se Convicção. Este é o departamento dos comandos.
No rés-do-chão reside um sujeito chamado coração e tem muitos filhos que vivem com êle. É uma família muito grande e não se entendem muito bem uns com os outros. De véz em quando, há bulha entre êles.
Puz-me a contar os filhos (sentimentos) e encontrei uns 16. Entre eles: Consolo, Alegria, Tristeza, Amargura, Desespero, Aflição, Gozo, Esperança, Tribulação, Paz, Segurança, Insegurança, Certeza, Incerteza, Fé, Dúvida. Faltam ainda outros elementos da família, mas para fazer alvoroço, estes já chegam.
O chefe desta família, o coração, é mediocre. Não consegue pôr ordem na casa. É influenciável pela maioria! Sacrifica valores e princípios, pela concordância e harmonia. Algumas vazes, o seu comportammento não é bom. Não é uma referência para os filhos. A Bíblia diz que ele é enganoso e perverso. Jer. 17:4
Às vezes há bulha na casa, no rés-do-chão. Os filhos uns com os outros e com o pai. É preciso o centro de comandos funcionar e pôr ordem na casa. Na tribulação, nas lutas e nas provas, os sentimentos alteram-se. Os sentimentos alteram-se com as circunstâncias: se Deus nâo responde às nossas orações no certo tempo! Se não sentimos a sua presença! Se nos sentimos abatidos. Se tudo parece ao contrário!
Então começa a bulha na casa! Será que Deus é fiel? Parece que Deus te desamparou! Serão as promessas de Deus verdadeiras? Será que Deus me ama?
Os sentimentos negativos agrupam-se (o desespero, a aflição, a insegurança, a dúvida etc), acham que não vale a pena ser crente. Querem voltar para tráz, embora não saibam para onde. O pai, o coração, encolhe os ombros…
O gabinete dos comandos tem que actuar, põr ordem na casa e traçar o rumo
«Mas eu confio na tua benignidade; o meu coração se regozija na tua salvação. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.» Sal. 13:5-6
David pôs ordem na casa, recorrendo ao seu conhecimento de Deus, às suas experiências e convicções. Em Sal. 42:5,11 e 43:5 David passa nova crise com os seus sentimentos e resolve-a com o seu conhecimento, experiência e convicção, ou seja, com o gabinete dos comandos.
Jó também não caiu no campo de batalha porque conhecia Deus, tinha experiências com Deus e tinha convicções fortes. Demonstrou isso quando disse: «…eu sei que o meu redentor vive…» «…ainda que ele me mate, nele esperarei-»
A nossa vida é sustentada pelo nosso conhecimento de Deus, pelas nossas experiências com Ele e pelas nossas convicções. Os crentes que se deixam guiar pelos sentimentos, ora estão em cima, ora estão em baixo. Os sentimentos alteram-se com as circunstâncias e eles também! Num só dia, podem estar muito contentes de manhã e muito tristes à tarde! São as nossas convicções que dão estabilidade à nossa vida.
O nosso gabinete dos comandos precisa pôr ordem na casa dos sentimentos e traçar o rumo. Às vezes, os sentimentos ficam eufóricos demais e precisam travão. Outras vezes ficam negativos, não reagem e precisam acelerador. São as convicções que utilizam o travão ou o acelerador.
Quando há desordem na casa, no rés-do-chão, os sentimentos começam a falar alto e a dizer-te: -Deus desamparou-te! Será que Deus te ama?! As tuas orações não vão ser atendidas. Tu não mereces a ajuda de Deus. Achas que vale a pena ser crente?
O conhecimento da Bíblia, as experiências com Deus e as convicções, que vivem no primeiro andar, apercebem-se e enviam a filha, a Convicção, lá a baixo, ao rés-do-chão, para pôr ordem na casa. Chegando lá, interrompe a bulha e diz: Vocês estão enganados. Deus não nos desamparou, porque está escrito: «Não te deixarei, nem te desampararei.» Heb. 13:5 Não digam que Deus não nos ama, porque o seu amor é eterno, inalterável. «Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.»
A nossa oração está a ser atendida e vai ser respondida por Deus, porque a Bíblia diz: 1 Jo. 5:14-15 «E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.»
A filha Convicção continua: Vocês acalmem-se. Vamos cantar louvares ao Senhor. É necessário fazê-los cantar várias vezes até o ambiente serenar e reinar a calma.
Pode surgir um sentimento descontrolado, a impaciência, a fazer barulho e a dizer: «Não posso esperar mais, não aguento mais o silêncio de Deus…» O gabinete dos comandos, o Conhecimento e a Experiência, enviam a Convicção com a mensagem: Vai lá e diz-lhes que se calem, porque o caminho é: «Esperei com paciência no Senhor e Ele ouviu o meu clamor.» «Na vossa paciência, possui as vossas almas.»
Sempre que há guerra nos sentimentos e estes querem negar as promessas ou duvidar de Deus, o Conhecimento, a Experiência e a Convicção pôem ordem na casa.
Como lidar com os nossos sentimenos
Sal. 42:5-6 e 43.5
Em primerio lugar, não devemos deixar que os sentimentos dominem ou orientem a nossa vida.
O que sentimos não é o mais importante. O mais importante é o que cremos.
Em segundo lugar, arrumemos bem a nossa sala de comandos.
«Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor» Osé 6:3
«A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e
admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor
com graça em vosso coração.» Col. 3:16
As nossas experiências com Deus são marcos fortes que precisamos preservar. Orações que o Senhor já respondeu, mudanças que o Senhor operou, milagres que o Senhor fez, deixaram marcas na nossa vida que precisamos rever e relembrar. |
As nossas convicções são filhas do nosso conhecimento e experiências com Deus, são a nossa arma de arremesso contra os sentimentos adversos e comandam a nossa vida, mesmo que os sentimentos digam o contrário. Quando os sentimentos negativos se levantam, precisamos cantar louvores a Deus; quando querem duvidar, precisamos voltar às promessas do Senhor. Às vezes também ficam eufóricos demais e tomão decisões precipitadas - é preciso acalmá-los.
É importante saber lidar com os nossos sentimentos. As nossas crises são mais ou menos frequentes! Tudo à nossa volta é muito complicado. As circunstâncias brigam com os nossos sentimentos e nós precisamos pôr ordem na casa. Não está previsto na Bíblia a derrota do cristão, mas «…em todas estas coisas sermos mais do que vencedores.»
Os sentimentos são importantes desde que controlados e submissos à Palavra de Deus. Vençamos todas as nossas crises sentimentais com o nosso conhecimento de Deus, com as nossas experiências cristãs e com as nossas convicções. |
O nosso gabinete de comandos, onde moram o conhecimento, as experiências e as convicções, é estável - porque o que a gente sabe; o que a gente experimentou, experimentou; e as nossas certezas permanecem. Quando há crise, o gabinete reune, actua e põe ordem na casa.